Para muitas pessoas, o esporte é uma paixão. Torcer, vibrar e comemorar a vitória do time de coração ou de um atleta favorito pode ser uma fonte de diversão e aumento do bem-estar. Diante disso, um estudo inovador, feito por pesquisadores da Universidade de Waseda, no Japão, conseguiu mostrar que, de fato, assistir a esportes ativa circuitos de recompensa no cérebro, levando à felicidade ou ao prazer.
Além disso, os pesquisadores descobriram que assistir a esportes com frequência está associado a mudanças nas estruturas cerebrais. As descobertas foram publicadas online em março, na Sports Management Review.
A equipe de pesquisadores foi liderada pelo professor Shintaro Sato, da Faculdade de Ciências do Esporte da Universidade de Waseda. Para o estudo, o time utilizou uma abordagem com diferentes métodos, combinando análise de dados de outros estudos, autorrelatados (com base na descrição dos participantes) e neuroimagem para compreender a ligação entre assistir a esportes e o bem-estar.
“Um desafio significativo na investigação do bem-estar é a natureza subjetiva dos procedimentos de medição, que pode levar a resultados tendenciosos. Portanto, os nossos estudos concentraram-se em medidas subjetivas e objetivas de bem-estar”, explica Sato, em comunicado à imprensa.
Ou seja, os pesquisadores, além de se basearem no que os próprios participantes do estudo diziam sobre o bem-estar ao assistir a um esporte, eles utilizaram métodos que avaliam como a atividade pode, de fato, mexer com o cérebro.
Para isso, foram feitos três estudos: no primeiro, os pesquisadores analisados dados públicos em grande escala sobre a influência de assistir a esportes em 20 mil residentes japoneses. Os resultados desse estudo confirmaram o padrão contínuo de aumento do bem-estar relacionado ao esporte. No entanto, esse estudo não era capaz de fornecer uma visão mais profunda entre o consumo de esportes e o bem-estar.
No segundo estudo, os pesquisadores utilizaram um questionário online para entender se a relação entre esporte e o bem-estar varia de acordo com o esporte assistido. Para essa fase da pesquisa, foram envolvidos 208 participantes, que foram expostos a vários vídeos esportivos e tiveram seu bem-estar avaliado antes e depois dos vídeos.
As descobertas deste estudo mostraram que esportes populares, como beisebol e futebol, exerceram um impacto maior na melhora do bem-estar em comparação com esportes menos populares, como o golfe.
Porém, foi o terceiro estudo que trouxe descobertas inovadoras. Nele, a equipe empregou técnicas de neuroimagem para examinar alterações na atividade cerebral depois que os participantes assistiram aos esportes. Nessa etapa, participaram 14 japoneses saudáveis, que foram submetidos a ressonância magnética e cuja atividade cerebral foi analisada enquanto assistiam a clipes esportivos.
Os resultados deste estudo mostraram que a prática de esportes desencadeou a ativação dos circuitos de recompensa do cérebro, que são indicativos de felicidade ou prazer.
Além disso, os pesquisadores descobriram que os indivíduos que relataram assistir esportes com mais frequência tinham um maior volume de massa cinzenta em regiões associadas aos circuitos de recompensa, sugerindo que a prática regular de esportes pode induzir gradualmente mudanças nas estruturas cerebrais.
“Descobriu-se que as medidas subjetivas e objetivas de bem-estar são positivamente influenciadas pela prática de esportes. Ao induzir mudanças estruturais no sistema de recompensa do cérebro ao longo do tempo, promove benefícios a longo prazo para os indivíduos. Para quem busca melhorar o bem-estar geral, assistir regularmente a esportes, principalmente os mais populares como o beisebol ou o futebol, pode servir como um remédio eficaz”, comenta Sato.